No campo
Como reduzir o estresse térmico das vacas na transição para o verão?
A chegada do verão impõe um dos maiores desafios da pecuária leiteira: lidar com os efeitos das altas temperaturas sobre o rebanho. O aumento do calor e da umidade compromete o bem-estar dos animais, reduz o consumo de matéria seca e impacta diretamente o desempenho produtivo. Em situações mais severas, as perdas podem chegar a até 25% no volume de leite.
Quando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU) ultrapassa 68, as vacas entram em condição de desconforto térmico. Por isso, acompanhar esse indicador é essencial para orientar decisões de manejo e preservar os resultados da fazenda.
Impacto das mudanças climáticas
As temperaturas elevadas não afetam apenas o conforto dos animais, mas também o desempenho econômico da atividade. Entre os principais reflexos do calor excessivo estão:
queda de 10% a 25% na produção de leite;
redução da taxa de prenhez em até 20%;
diminuição da ingestão de matéria seca, podendo chegar a 8%.
Esses números reforçam a importância de tratar o controle do calor como parte estratégica da gestão da propriedade.
Instalações como aliadas
A infraestrutura tem papel decisivo na redução dos efeitos do ambiente quente. Sistemas como free stall e compost barn, quando bem dimensionados e equipados com ventilação e resfriamento, conseguem reduzir pela metade o tempo em que os animais permanecem sob desconforto térmico.
Na prática, isso se traduz em ganhos de 2 a 4 litros de leite por vaca/dia, além de melhor condição corporal e maior eficiência produtiva.
Estratégias acessíveis
Mesmo propriedades sem estruturas mais robustas podem minimizar os impactos do verão adotando medidas simples e bem direcionadas. O foco deve estar em três pilares: resfriamento eficiente, sombreamento adequado e oferta contínua de água.
Aspersão: como aplicar?
Existem dois principais métodos de aspersão utilizados no manejo do calor.
A aspersão direta trabalha com gotas maiores e baixa pressão, molhando a pele do animal e favorecendo a dissipação rápida do calor corporal. É especialmente indicada para a sala de espera, onde pode reduzir a temperatura corporal entre 0,5°C e 1°C.
Já a aspersão evaporativa utiliza gotas finas e alta pressão, sendo mais eficiente na linha de cocho. O ciclo recomendado varia de 3 a 60 segundos de água a cada 5 minutos, permitindo o resfriamento contínuo por evaporação.
- Ventilação
Os ventiladores auxiliam na remoção do excesso de calor e umidade do corpo dos animais. A velocidade de ar indicada é de 5 a 6 m/s, o que pode aumentar a perda térmica por convecção em até 30%.
A instalação deve priorizar áreas de maior permanência, como cocho e sala de espera.
- Sombra
O sombreamento reduz em até 50% a carga térmica recebida pelo rebanho e pode diminuir a temperatura retal em até 0,7°C. A recomendação é disponibilizar cerca de 5 m² por animal, utilizando sombra natural ou sombrites com nível de proteção entre 70% e 80%.
- Água limpa e abundante
Durante o período mais quente do ano, o consumo de água pode aumentar de 30% a 40%. Para atender essa demanda, é fundamental garantir:
vazão mínima de 20 litros por minuto nos bebedouros;
acesso facilitado à água em todos os piquetes e áreas de manejo.
Conclusão
As altas temperaturas fazem parte da rotina da produção de leite, mas seus efeitos podem ser controlados com manejo adequado. Investir em resfriamento, sombreamento e hidratação contribui para melhorar o bem-estar do rebanho, reduzir perdas produtivas e manter a eficiência da fazenda ao longo do verão.
--> Leia também:O verão do leite em cada região do Brasil: estratégias de manejo para manter a produtividade
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